sexta-feira, 19 de junho de 2009

Viva! os Narradores de Javé.



VIVA! OS NARRADORES DE JAVÉ

O Filme conta a história de uma comunidade no interior do estado da Bahia, que foi ameaçada de ser invadida pelas águas, devido a construção de uma barragem, projetada por engenheiros para beneficiar a exploração de ouro na área territorial pertencente a comunidade do Vale de Javé. Segundo os engenheiros a única coisa que poderia salvar a comunidade seria o tombamento da área com todos os seus bens materiais e imateriais e pra isso teriam que elaborar um dociê, relatando todos os acontecimentos importantes daquela comunidade. Na tentativa, o líder comunitário, Zaqueu reuniu-se com alguns da comunidade e decidiram registrar cientificamente a história do povo, colocando às mãos de Antonio Biá a responsabilidade de ouvir e escrever cada fato narrado pelo mesmo.

Antonio Biá no papel de escriba ouve atentamente cada acontecimento, grava na memória, organiza as idéias para escrever com calma cada uma. O povo narra sua história oralmente, de forma simples, espontânea em dialeto popular, conforme os registros da fala de cada narrador, enquanto Antonio Biá, escritor, ouve o texto oralmente, organiza no pensamento utilizando a norma padrão, pra pontuar e melhorar a escrita no propósito de convencer o leitor sobre o acontecido. “UMA COISA È O FATO ACONTECIDO OUTRA È O FATO ESCRITO” (diz Biá). Assim o ator, no filme escreve o conhecimento do povo que revela sua riqueza por meio da fala. Que mesmo sem escolarização é um povo rico em experiências que só eles conhecem profundamente, pela realidade vivida. Eles relatam os fatos com a mesma competência do escritor ao escrever.

A escrita é utilizada na tentativa de evitar que as terras sejam invadidas pelas águas desabrigando as famílias. O escritor no papel de escriba exerce função importante, por que é ele quem decide sobre o que e como escrever o fato narrado,com a liberdade de utilizar vários recursos da língua. Assim Antonio Biá se prevalece do conhecimento de alfabetização para explicar as coisas científicas numa relação desigual entre alfabetizado e semi-analfabetos, mas “letrados”. O objetivo daquele povo em escrever a sua história jamais escrita, jamais lida, era defender seu patrimônio histórico-cultural. Como a escrita é planejada, pausada e cuidada aconteceu que os engenheiros chegaram para instalar a barragem antes que o dociê fosse concluído e as terras foram invadidas pelas águas antes do tombamento.

Trazendo para realidade da sala de aula, o professor pode desenvolver o papel de escriba, escrevendo no quadro relatos de experiências trazidas pelos alunos, relatos de filmes, de um fato ocorrido na cidade, no bairro etc..., de uma aula passeio etc...

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